sábado, 19 de novembro de 2011

Nossa oração, nossa, que horas são!


Eu sou emigrante imigrante e migrante
Artista sou budista otimista
Crente evangélico ateu e manobrista
Sou são ou somos santo doente
Pensador esquecido pintor aviador e dentista
Tempo passante escaldante que não espera
Vivo só na multidão ora isso ora aquilo
Sou o que resta de minha mente
Sou do mundo o sal da terra
Da terra a raiz arrancada
Medalha metralha que falha
Dos que acertam sou o que emperra
Estou no céu nas nuvens que brilham
No sol que nos encharca de luz
Como você passageiro
Desta nave desgovernada
Que entramos com passagem
Para algum lugar no futuro
Sou tudo e quase nada
E serei eternamente além
Por dentro e para sempre
Amém

sábado, 23 de julho de 2011

Turiassu ou Turiaçu?

Em perdizes, uma das ruas mais importantes, é a Turiassu, que vai desde perto do elevado (minhocão) até depois do shopping Bourbon, passando pelo Parque Antártica. Foi uma das primeiras ruas do bairro, e no começo, chamava-se Rua das Perdizes. Logo depois, virou Turyassu, e depois, Turiassu, utilizada desde o final do século XIX, vindo de nomes indígenas e significa facho grande", tocha, fogueira ou farol, numa alteração do original "tory-assu. O autor Luiz Caldas Tibiriçá na sua obra "Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi" (S.P., Traço Editora, 1997) aponta a grafia Turiaçu como a correta mas, diz que o termo do Tupi antigo, do século XVIII, tory-assu. Já o professor Francisco da Silveira Bueno em seu livro "Vocabulário Tupi-Guarani Português" (S.P., Éfeta Editora, 1998), adota a grafia Turiassu. Em São Paulo, e desde a primeira legislação que oficializou esta rua (Resolução nº 257 de 1923), a grafia adotada foi Turiassu.

Já a prefeitura de São Paulo, para agradar a todos, utiliza as duas grafias: Turiaçu em todas as placas que ajudam a chegar na rua e Turiassu em todas as placas da própria rua.

LINK para a origem das informações



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que mundo vou deixar para mim mesmo?

Hoje vi, de muito longe, o sol se pondo no horizonte

Vi de relance, pois estava no trânsito, atravessando uma das pontes sobre o rio Pinheiros.

O rio Pinheiros em São Paulo, tanto quanto o rio Tietê, fede, depois de alguns dias sem chuva. Então, sempre que possível, eu fecho os vidros para passar perto do rio.

Foi lindo ver aquela bola vermelha, que parecia se esconder, para reaparecer amanhã, do outro lado da cidade, transformando o dia em noite.


A noite, foi escolhida pelos homens, para ser um intervalo de descanso, para que no dia seguinte, todos acordem e voltem às suas atividades.

Depois dessa bola vermelha, e depois de passar pela Praça Panamericana, dei de frente com outra, bola, tão redonda como a primeira, e vermelha também, mas desta vez, não era o sol se pondo, era apenas um aviso, um sinal, um alerta, uma ordem: Pare, fique imóvel, até que eu mude de cor, ou, me apague e outra luz, verde, se ascenda. Mais uma vez, uma luz vermelha determinaria uma ação, de parar ou andar.

Em nenhuma das duas situações,nem na do sol, nem na do sinal, somos obrigados a dormir ou parar, na verdade, são apenas avisos de que, se não respeitarmos determinadas regras, poderemos sofrer uma ou outra consequência.

Mas, nada nos garante,também, que se fizermos tudo certinho, não sofreremos qualquer infortúnio.

Sabemos de muitas pessoas que nunca fizeram nada de errado, e sofrem, como se tivessem feito. São incompreendidas, são judiadas, e muitas vezes, condenadas pela sociedade, ou até mesmo, por elas próprias, a serem isoladas das outras pessoas.

E é a incerteza de haver ou não punições aos infratores das leis existentes, que somos permitidos a afrontar os limites, seja por vontade própria, seja por necessidades financeiras ou por qualquer outra razão.

Depois de passar por todos os faróis, driblar todos os medos de uma cidade grande, torcer para que nada de errado me acontecesse, cheguei ao condomínio onde moro.

Estacionei meu carro na vaga indeterminada, porém, coberta, e acessei o elevador. Mais uma vez eu estava dentro de um veículo de transporte, vendo uma porção de luzinhas apagadas, e apenas uma acesa, ela indicava o andar para o qual eu estava sendo transportado.

Aquele elevador demorava muito para chegar ao meu andar, parecia nunca chegar.

Parecia que aquela viagem estava demorando mais do que a que eu havia acabado de concluir, entre meu trabalho e o prédio onde moro.

Um minuto, dez minutos, uma hora, e nada de chegar. O som koyaanisqatsi me incomodava, eu ouvia cantoras líricas, tudo se misturava na minha mente, e a luz vermelha do meu andar, nunca se apagava. Olhei para ao teto do elevador e vi nuvens, numa tarde quase anoitecendo. Vi uma lua pálida e uma primeira estrela. Não sentia mais o chão, não havia mais paredes, não percebia mais a gravidade que me segurou, por tanto tempo a este mundo.

Pensei: Morri, mas, como, se ainda tinha tantas coisas para fazer?

Olhei para baixo, que não era mais em baixo, eu rodava em todos os sentidos, aquela música ainda tocava, eu podia ouvir, eu respirava, mas de nada adiantaria gritar, ninguém me ouviria.

A noite me abraçava como um cobertor de gelo.

Ainda assim eu me preocupava com as coisas deixadas para trás.

Como quase todas as pessoas que possuem déficit atenção, muitos projetos foram iniciados, e ainda não foram concluídos.

Depois de alguns minutos pensativo, decidi que não mais me preocuparia com esse passado, e que, agora, eu teria que me preocupar com o futuro. Eu orava para que Deus me desse um bom cérebro da próxima vez, para que eu não vivesse em um mundo separado, como foi nesta vida que acabava de deixar. Eu pensava e orava: me conserte, me conserte, e chorava lembrando de alguns capítulos do pinóquio. Aliás, meus sentimentos sempre se afloravam nessas ocasiões, de frente para uma tela, fosse ela de Cristal, de LCD ou de LED. Mais uma vez me entristeci, nunca saberia que rumo tomaria a tecnologia. Será que os nano-robôs curariam os tumores que tanto afligiam a humanidade? Será que a humanidade conseguiria diminuir a emissão de gases? Será que entenderiam o quanto fizeram de mal a este planeta para que eles se tornassem “felizes”? Será que conseguiriam sobreviver até que eu voltasse? Será que eu voltaria?Nossa, quantas perguntas não respondidas, por que? Por que? Por que? Cinco porquês, e a causa raiz não vinha, mais uma vez, eu sofreria por causa de um incidente desconhecido.

A música parou.

Silêncio ensurdecedor.

Parei de girar ou me acostumei com a nova situação, pois, sempre segui os conselhos de Darwin: “Na natureza, não são os animais mais fortes ou mais inteligentes que sobrevivem, são os que melhores se adaptam a ambientes diferentes” . Eu não possuía mais aquele corpo pequeno, branquelo e barrigudo. Parecia que eu tinha virado nuvem, mas ainda tinha consciência.

O que teria me acontecido?

Foi então, que a música voltou, não era mais koyaanisqatsi, era um solo de piano, parecia um tema de filme, sim, me lembro, as horas, o nome do filme, as horas. Nossa, Philip Glass de novo! Sempre gostei das músicas minimalistas dele, mas agora, na hora de minha morte ? Será que não daria para tocar algo diferente? Um Division Bell que, para mim é tão triste quanto, mas, vou me acostumando novamente e começo a gostar. Acho que é um aviso, Philip Glass apoia a causa Tibetana, e, durante toda minha vida adulta, pensei muito em me tornar budista, sua crença e respeito a todos os seres vivos me induziram a criar e manter uma relação de reverência a tudo o que eles sempre proferiram.Adicionar vídeoQue loucura, eu virei uma nuvem, seria a tal nuvem que todos dizem que armazenaria e processaria dados de várias partes do mundo, facilitando, assim, a disponibilidade das informações?

Será, que, depois de morto eu me transformaria em uma engenhoca da vida moderna?

Será que essa nuvem é passageira? Putz se for, já vi que meus dias estão contados, nem bem cheguei, e logo vou me transformar em algo diferente. Não quero ser descartado, sempre fiz campanha para que não usássemos descartáveis, para que a natureza tivesse tempo de se recompor, enquanto usássemos matérias duráveis. Que tristeza, do jeito que as coisas andam, acho que vou me transformar, rapidamente, em algo transformável, parece que vou virar grafeno!

Aí, eu me respondo: Não é possível que eu, no futuro, venha me transformar em grafeno, desde 2004 já é estudado na universidade de Manchester na Inglaterra. Acho que mereço virar algo melhor. Se alguém esperava, neste ponto, que eu acordasse de um pesadelo em uma situação qualquer, não tenha tanta certeza. Acho que desta vez, minha passagem foi definitiva.

Meu corpo foi enterrado, decomposto, virei pó.

Minha mente vagou por anos a fio, minhas memórias, esquecidas.

Não deixei herdeiros, deixei, apenas, algumas lembranças, que durarão pouco.

Se algum dia eu voltar, não me lembrarei de nada.

Espero, somente, que, pelo menos um de meus sacrifícios, tenha surtido efeito, que eu retorne a um mundo um pouco melhor, e que meu algoz tenha entendido ou aprendido a ser perdoado, porque neste exato momento, eu o estou perdoando.