Aquele dia seria muito especial, 23 de agosto, acordamos as 04h00 da manhã, nos vestimos, tomamos um chá de coca e nos reunimos em torno do guia, que, brilhantemente, nos conduziu até aquele momento.
Seria o último trecho para atingirmos um objetivo sonhado, pensado, desenhado e seguido, passo a passo até aquele instante.
O frio era intenso, dificultava nossa caminhada, o ar rarefeito fazia com que nosso corpo ficasse mais pesado, nossos passos lentos, mas não desistiríamos agora.
Seria o último trecho para atingirmos um objetivo sonhado, pensado, desenhado e seguido, passo a passo até aquele instante.
O frio era intenso, dificultava nossa caminhada, o ar rarefeito fazia com que nosso corpo ficasse mais pesado, nossos passos lentos, mas não desistiríamos agora.
Numa altitude acima de cinco mil metros , o silêncio só era quebrado pelo uivar dos ventos dos glaciares.
Faríamos, a partir daquela posição, o ataque ao cume.
Naquele instante, deixávamos para trás Chacaltaya, Condoriri e Pequeño Alpamayo.
Não posso citar aqui, Illimani, pois seria uma próxima aventura, que ainda não conseguimos concretizar, a cordilheira real andina, com seus picos nevados, terá que nos esperar.
Durante este último trajeto, ainda no escuro da noite, os pensamentos vêm e vão, me lembro a cada instante do som dos tambores tocados em Los Yungas, onde ficamos antes de enfrentar esta lendária e imponente montanha.
Eu a avistava e contemplava desde que passei por La Paz.
A aclimatação que fizemos foi perfeita e as várias paradas estratégicas nos ajudaram a chegar inteiros para este momento.
Huanya Potosi estaria abaixo de meus pés em poucas horas e eu teria escalado seus mais de seis mil metros partindo do colo de Zongo e enfrentado todas as trilhas e acampamentos gelados desta montanha.Foram alguns dias estressantes, pois, mesmo evitando a face oeste para escalarmos, sabíamos que teríamos um grau de dificuldade alto e os nossos amigos andinistas seriam fundamentais para o sucesso da escalada.
Todos em fila e lançamos o ataque, após trinta minutos de subida íngreme, deparamos com um paredão de gelo, nesse momento, as botas rígidas, os piolets curtos, a corda e os pitons de gelo fazem a diferença.Faltavam poucos metros, eu estava no final da fila, abaixo de mim somente mais três componentes do grupo. Como qualquer escalada, todos cuidam de todos, e na preocupação de acompanhar a subida dos colegas abaixo de mim, quase não percebi quando atingi o cume. Voltei-me para os rapazes que ainda subiam e os auxiliei, com as cordas, a executarem seus últimos passos em direção ao topo.Pronto, missão cumprida.Levanto-me e consigo, pela primeira vez, concentrar-me no espetáculo que encherá meus olhos pelos próximos quinze minutos.
O grupo todo ficou em silêncio, contemplando uma das paisagens mais belas da Terra.
Durante a noite, a névoa que ronda a montanha baixou sobre seu vale, forrando, com um gigantesco tapete branco, toda a volta da montanha.
Durante a noite, a névoa que ronda a montanha baixou sobre seu vale, forrando, com um gigantesco tapete branco, toda a volta da montanha.
Ao oeste, a noite era plena com um céu incrivelmente estrelado, enquanto que ao leste, o brilho dourado do sol começava a despontar.
Era como se estivéssemos em órbita a observar o grande planeta azul dando mais um show de beleza impar.
Senti-me egoísta ao não produzir qualquer tipo de som naquele momento, como se eu tentasse guardar para mim, até a vontade de gritar.
Meu diário de viagem estava comigo, e consegui registrar, com grande emoção, as palavras que hoje compartilho com o mundo.
Ass. Nelsinho, inspirado na narrativa de um amanhecer magico...
Senti-me egoísta ao não produzir qualquer tipo de som naquele momento, como se eu tentasse guardar para mim, até a vontade de gritar.
Meu diário de viagem estava comigo, e consegui registrar, com grande emoção, as palavras que hoje compartilho com o mundo.
Ass. Nelsinho, inspirado na narrativa de um amanhecer magico...